Últimas Críticas

Blood Diamond (2006)

Dir.: Edward Zwick
Act.: Leonardo DiCaprio; Djimon Hounsou; Jenniffer Conelly









Blood Diamond chega-nos no seguimento de uma série de películas que nos últimos anos surgiram sobre os recorrentes problemas que o continente africano e as suas populações vivem. O exemplo mais completo ficou definido no excelente Hotel Rwanda, que retratou de uma forma dolorosa o sangrento massacre de milhões de ruandeses durante a guerra civil que o país viveu nos anos 90. O filme conquistou audiências por todo o globo e acabou nomeado para quatro Oscars. No ano passado surgiu-nos The Constant Gardener, uma adaptação de um romance de John Le Carré, sobre a exploração que é exercida por grandes companhias farmacêuticas sobre algumas nações africanas. O filme foi abraçado pela crítica americana, pela Academia, recebeu quatro nomeações aos Oscars e valeu a Rachel Weisz um Oscar de Melhor Actriz Secundária. Agora surge-nos Blood Diamond, que num tom menos dramático e de mais acção explora o tema do tráfico ilegal de diamantes e da sangria que o seu cómércio provoca a países como a Serra Leoa. O filme foi bem recebido nas bilheteiras e a Academia acabou de nomeá-lo para cinco Oscars, entre os quais os de Melhor Actor e Melhor Actor Secundário.

Leonardo DiCaprio é Danny Archer, um contrabandista de diamantes que vê os seus planos alterarem-se subitamente quando Solomon Vandy se cruza no seu caminho. Solomon, um pescador que é feito prisioneiro pelas forças rebeldes e obrigado a trabalhar na extracção de diamantes é interpretado de uma forma surpreendente por Djimon Hounsou. Ele é o retrato perfeito de um pai apanhado subitamente por acontecimentos maiores do que ele, e que afastado da família fará tudo para conseguir reuni-la. As complicações surgem quando descobre um grande diamante e tenta escondê-lo para tentar utilizá-lo como moeda de troca para recuperar a familia. No entanto a noticia da descoberta de um diamante de tal valor rapidamente chega ao conhecimento de Archer que irá tentar de tudo para se poder apoderar dele. A voz da consciência cívica e militante surge na pele de Maddy Bowen (Jenniffer Connelly), uma jornalista que tenta expôr as ligações de uma grande multinacional britânica ao tráfico de diamantes “sujos” e que se tenta aproveitar das ligações de Danny a este submundo para obter informações.

Esta é uma história de traições e enganos em que ninguém é o que parece e todas as personagens têm objectivos e motivações muito próprias. Leonardo DiCaprio encarna pela primeira vez um puro anti-herói de uma forma que por vezes se revela brutal e aterradora. Danny Archer é um homem sem escrúpulos que fará tudo para garantir a saída de um continente que já não reconhece como seu e que odeia. E o seu passaporte é o diamante, cuja localização apenas é conhecida por Solomon. Archer cresceu rodeado de guerras, revoluções e viveu os piores horrores na sua infância. Esta é a única pequena compreensão que podemos encontrar para toda a sua atitude de desprezo pelo próximo e pela vida humana.

Edward Zwick, como é habitual nos seus filmes, executa o que lhe compete conseguindo imprimir ao filme alguma seriedade ao mesmo tempo que garante uma acção constante. No entanto, Blood Diamond é um filme claramente manipulador na sua agenda. Todas as referências ao comércio de diamantes têm as suas armas claramente apontadas e são milimetricamente medidas. Isso não impede que os problemas que foque não sejam importantes ou fundamentais. Bem pelo contrário. África continua a sofrer com o problema da exploração dos seu recursos pelos países desenvolvidos ou multinacionais sem escrúpulos e o número de crianças-soldado é assustadoramente real e geralmente subvalorizado ou ignorado. No final, duvido que qualquer mulher ocidental que tenha visto Blood Diamond e que receba um anel de noivado de diamantes não pense duas vezes antes de dar o sim.

O melhor: As interpretações de todo o elenco, especialmente de Leonardo DiCaprio, Djimon Hounsou e Jenniffer Connelly; a montagem rápida e frenética que não permite que o filme perca fôlego e uma banda sonora carregada de influências étnicas sempre presente.

O pior: A constante interrupção dos momentos mais dramáticos e contidos do filme para mais uma cena de tiroteios inconsequentes com o objectivo de manter a acção em constante rolling.









Flags Of Our Fathers (2006)









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Dir.: Clint Eastwood






Act.: Ryan Philippe; Adam Beach

























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Clint Eastwood comprova-nos mais uma vez porque é considerado um dos melhores realizadores a trabalhar na actualidade. Com 75 anos de idade, seria de esperar um certo conformismo, quer nos temas, quer na forma de realizar, mas Flags Of Our Fathers prova-nos exactamente o contrário. Revela-nos um realizador com a sua plena capacidade criativa e na sua melhor forma. Depois de Mystic River e Million Dollar Baby, ambos reconhecidos pela crítica e pela Academia, que em dois anos consecutivos lhe concedeu um total de 13 nomeações e 6 Oscars, surge um retrato cru e frio de uma das batalhas mais decisivas da II Guerra Mundial.






Flags Of Our Fathers relata a história de uma simples fotografia e da forma como foi utilizada como instrumento de propaganda de guerra. Numa fase crucial da guerra, em que os cofres americanos se encontravam esgotados pelo esforço de guerra, uma foto do içar da bandeira na ilha de Iwo Jima tornou-se um símbolo de esperança e restaurou a confiança da população americana na vitória. Mas Flags Of Our Fathers não é um filme patriótico. Longe disso. O filme leva-nos aos bastidores e à encenação que se seguiu após a publicação dessa fotografia, desmascarando o seu aproveitamento e também dos homens que nela participaram. Com uma eficaz campanha de promoção e divulgação dos três “heróis” responsáveis pelo içar da bandeira, iniciou-se uma digressão pelos EUA que permitiu angariar os fundos necessários à conclusão da guerra. A forma como se consegue fabricar um mito e manipular as massas é particularmente interessante.











Mas Clint Eastwood não se limita a descrever apenas a orquestração da campanha, leva-nos a conhecer os homens e soldados por detrás dela. Com sucessivos flashbacks somos transportados no tempo para as areias escuras daquela praia onde morreram cerca de 21000 soldados japoneses e cerca de 7000 soldados americanos no espaço de dois meses. É aqui que o filme ganha o seu tom intimista e mais pessoal. Um a um podemos observar o quão traumática pode ser uma experiência de guerra e as marcas eternas que deixam num individuo. E cada um dos três soldados lida com a experiência de uma forma diferente. Rene encara o regresso a casa, a fama e a popularidade com bastante facilidade, tentando explorar as futuras possibilidades que se lhe poderão apresentar. “Doc” vive atormentado com a memória de todos os que viu partir. Como socorrista, assistiu à morte de todos os que em vão tentara ajudar. Mas Ira nunca se irá recompor. Uma parte de si ficou eternamente sepultada nas areias daquela praia misturada com o sangue de todos os que morreram. O álcool será a sua válvula de escape a uma vida que não escolheu.





O melhor: A reconstituição da batalha inicial, a fotografia crua e monocromática e a interpretação de Adam Beach.
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O pior: A estrutura narrativa nem sempre se encontra bem delineada, especialmente no ínicio do filme, e os flashbacks temporais encontram-se por vezes desenquadrados da acção na actualidade.

- 2007 -


300

A Mighty Heart

Breach

Death Proof

Goya´s Ghosts

Knocked Up

La Vie En Rose

Mr. Brooks

Ocean´s 13

Pirates Of The Caribbean: At World´s End

Ratatouille

Shrek The Third

Spider-Man 3

Sunshine

The Bourne Ultimatum

The Brave One

The Namesake

The Simpsons Movie

Transformers

Zodiac